18/09/2007

Metodologia Científica - Acepções

A metodologia científica surgiu a partir da necessidade de se compreender melhor a problemática do método, da pesquisa e, naturalmente, do conhecimento.
Como disciplina, foi criada na universidade com diversos objetivos, dependendo do nível e do interesse de cada curso: graduação, especialização, mestrado ou doutorado .
Atualmente, é possível divisar pelo menos cinco acepções do uso da disciplina :
Epistemologia: estuda a forma como o homem se relaciona com o mundo para construir o conhecimento; Envolve aspectos teóricos sobre a ciência, suas diferenças, estruturas e estatutos e estuda também a relação entre o sujeito e o objeto do conhecimento.
Pesquisa: orienta o indivíduo a produzir o conhecimento;
Estudo dos Métodos: reflete sobre os diversos métodos existentes de produção do conhecimento.
Técnica de Estudos: apresenta-se como um conjunto de instrumentos que ajudam na aprendizagem (técnicas de leitura, compreensão de textos, resumos, esquemas, fichamentos, relatórios etc);
Ética do Conhecimento: Discute a objetividade e a neutralidade da ciência, a questão da verdade, a relação ciência e poder, o uso e aplicação do conhecimento, a manipulação das pessoas pelo conhecimento e etc.

Ética: uma brevíssima reflexão.

A Ética é uma área de estudo da Filosofia. Portanto, é uma disciplina que exige conhecimento de algumas áreas da filosofia como Ontologia, Antopologia Filosófica e outras.
No nosso cotidiano, a palavra ética ganhou estatuto de coisa séria. É entendida como algo sistematizador das ações tidas como corretas. Varias entidades criaram seu código de atividades profissionais e o intitularam de código de ética profissional. Sendo assim, temos o Código de Ética profissional do Administrador, o Código de Ética Profissional do Contabilista e tantos outros.
A expressão “falta de ética” é empregada para todo e qualquer deslize da conduta humana. Muitos falam que, na política, não se tem ética.
Então, a palavra ética é conhecida de todo mundo mas sem a densidade de significado ou reflexão que a área de estudo requer.
A Ética reflete sobre o que seria o comportamento ideal para os homens.
Uma possível definição de ética é classificá-la como área do conhecimento que reflete as ações do homem à luz da máxima concepção possível do que seria perfeito.
Segundo o filósofo Immanuel Kant, a Ética se impõe a todos. Todos devem fazer o bem e evitar o mal. E isso é um imperativo categórico. É imperativo porque é um dever moral. É categórico por que atinge a todos, sem exceção.
"Age como se a máxima da tua ação se devesse tornar, pela tua vontade, em lei universal da natureza”
“Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal”.
“Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio”
Para Kant, não deveríamos fazer aos outros o que gostaríamos que fizessem a nós, mas o que gostariamos que todos fizessem para todos.

07/09/2007

O papel do sujeito no processo do conhecimento

Para a epistemologia , o conhecimento é a relação entre sujeito e objeto. Sujeito é aquele que tem a capacidade de conhecer .
Sem o conhecimento não existe sujeito. O sujeito só se constitui sujeito quando ele conhece.
O Sujeito, aquele que conhece, é constituído pela natureza imanente semelhante a todo e qualquer ser vivo, mas, também, distingue-se de todos os outros pela sua capacidade de transcender o real, dando-lhe sentido e formando uma consciência que lhe é própria, única , individual e singular.
A produção do conhecimento fica condicionada a algumas determinações do sujeito: afetividade, cognição, organismo biológico, relações sociais. etc.
A construção da individualidade do sujeito se dá por uma infinidade de combinações. Combinam-se o que o sujeito já dispõe incorporado ao seu ser , sua afetividade, sua cognição, e cada nova experiência de sua vida.
A afetividade, por exemplo, é a primeira forma de percepção do sujeito. A criança, para muitos pesquisadores, já no útero materno, possui uma capacidade grande de perceber a afetividade da mãe e a dos que o cercam.
O recém-nascido, a cada relação com a mãe, assimila novas experiências afetivas e as une as outras experiências anteriormente existentes. Essa capacidade de juntar ás experiências novas ás já existentes, acontece a todo instante.
Mas, o sentido das experiências não é o mesmo para todas as pessoas, e nem é o mesmo para a mesma pessoa em momentos diferentes. A relevância das experiências para cada sujeito são do domínio da sua individualidade. Gêmeos uni vitelinos, criados pela mesma família, apresentam, traços afetivos diametralmente opostos.
A nível cognitivo, também não é diferente. A cada instante , através dos nossos cinco órgãos dos sentidos, chegam ao cérebro uma infinidade de informações. Além disso, há também, as informações do passado, as perspectivas do futuro etc. Cada estímulo assimilado é incorporado a esquemas anteriores de compreensão, modificando-os, tornando esses esquemas novos a cada instante.
Mas, o sujeito só processa aquele estímulo que faz sentido para ele. Por exemplo, um motorista , que esteja acompanhado e conversando com uma pessoa que lhe seja interessante, dirige o carro durante um longo percurso, sem ser capaz de recordar dos estímulos que se lhe apresentaram visualmente, na estrada.
A forma como a afetividade e a cognição se desenvolvem enfatiza a individualidade do sujeito que tem o poder de dirigir o seu aparelho perceptivo para aquilo que lhe interessa.
Também, o sujeito é formado por um organismo biológico. Na fecundação, o espermatozóide tem uma configuração genética que o identifica como indivíduo. Aparentemente somos biologicamente iguais, mas, na verdade, somos todos diferentes, somos únicos, individuais.
Além disso, o organismo biológico uma das determinações do sujeito é um poderoso e eficiente sistema com capacidade de conhecer o real, mas o biológico tem limites que dimensionam o conhecimento. Os nossos órgãos do sentido possuem limites. Se o estímulo estiver fora dos seus limiares, não será percebido. Há coisas que nossa visão não alcança, precisamos de requisitos tecnológicos que nos ajudem. Galileu, aprimorou uma luneta belga, para ajudá-lo a ver coisas que a olho nu não poderia ver nos céus.
O Piloto de um avião precisa do radar para auxiliá-lo no pouso. O médico precisa dos aparelhos de ultra-som, de raios-X , e tantos outros. Nossa memória, também, tem uma capacidade limitada de armazenamento de informações, precisamos de um computador. Se quisermos ver seres minúsculos que estão bem perto de nós precisamos de um microscópio. Todos esses equipamentos, ao mesmo tempo em que demonstram a capacidade criadora do sujeito, também denunciam os limites dos seus sentidos.
Além das determinações afetivas, cognitivas e biológicas, o sujeito possui também determinações sociais. O ser humano depende das relações sociais. Ele sente a influencia das crenças, dos grupos a que se liga, da língua que fala, do trabalho que desempenha, da economia que possui, da classe a que pertence. Mas o sujeito não assimila o social como um ser passivo, contemplativo, ele filtra o social, aquilo que lhe interessa, e as razões para a escolha são de seu inteiro arbítrio.
O indivíduo é sempre veículo da transformação e o conhecimento fica condicionado a todas estas determinações do sujeito.
A partir de tudo isso, podemos afirmar que : O objeto é a fonte do conhecimento; O sujeito transforma os estímulos recebidos do objeto dando-lhes novos sentidos; O conhecimento, é portanto, ao mesmo tempo, objetivo e subjetivo.
GUEDES, E.M. Curso de Metodologia Científica. 2a. ed. Maceió: HD Livros, 2000

04/09/2007

O Objeto do conhecimento


Para a epistemologia , o conhecimento é a relação entre sujeito e objeto. Sujeito é aquele que tem a capacidade de conhecer . Sem o conhecimento não existe sujeito.
O sujeito só se constitui sujeito quando ele conhece. Se alguém nunca entrou em contato com uma determinada realidade, essa pessoa não é sujeito.
Da mesma forma, a realidade só se torna objeto quando entra em relação com o sujeito. Do contrário, tal realidade é apenas um ser. O ser é tudo que existe, não importa a forma de existir. O pensamento, a letra, o número, o amor, a saudade, a paixão, a doença, um contrato, uma planta, um animal, o homem, são seres.
No momento em que o ser se relaciona com o sujeito, torna-se objeto. O ser quando se torna objeto adquire determinadas participações do sujeito que o transforma. Por causa dessas mudanças que o ser sofre quando se torna objeto,  alguns autores resolveram, para fins didáticos,  classificar o objeto em quatro tipos:

01.Objeto real: compreende o ser na sua inesgotável riqueza, na sua totalidade. É o que ele é realmente;

02.Objeto percebido: se permite ser o que o sujeito pretende que ele seja. O sujeito percebe a realidade por aqueles aspectos que para ele são importantes.
Tomemos como exemplo de objeto, uma bola. A bola, para um atleta, é um instrumento de trabalho; para um comerciante, é uma mercadoria; para um artesão é um artigo a ser consertado. etc.
Um objeto pode ser percebido de diferentes maneiras. E todo objeto se permite essas percepções que autorizam o sujeito a dizer do ser o que ele percebe.
O Objeto percebido não diz do objeto as suas características mais gerais e objetivas, mas expressa a forma como o sujeito se relaciona com ele.

03.Objeto Ideal : aquele que não existe naturalmente. Foi criado a partir da relação do homem com o mundo.  Facilita o entendimento do mundo. Por exemplo, as letras, o calendário, as medidas de comprimento, os números, o próprio dinheiro.
O número, por exemplo, não existe como os outros objetos do mundo real. Nunca se viu, nem vai se ver o número 1 em algum lugar. O que agente vê é uma forma que na nossa cabeça está convencionada a reconhecer como número 1.
Sem a mediação dos objetos ideais, o desenvolvimento das idéias, e consequentemente do pensamento estariam limitados.

04. Objeto Construído: A relação do sujeito com o objeto é sempre uma relação subjetiva e objetiva ao mesmo tempo. Mas, não podemos imaginar que , pelo fato do sujeito ter um papel ativo no processo do conhecimento, o objeto venha a ser qualquer coisa que o sujeito queira que ele seja.
Por esse motivo, para evitar excesso de subjetivismos e se produzir o conhecimento com determinados parâmetros de aceitação, a partir do século XVII começou a ser sistematizado o conhecimento científico moderno, cuja função é a construção do objeto através de métodos e procedimentos rigorosos.
O objeto construído é o objeto próprio da Ciência. É elaborado com uma consistência lógica e metodológica que permite maior confiabilidade no conhecimento obtido. É tratado com a máxima objetividade possível. E a participação do sujeito é monitorada pelos procedimentos metodológicos.
Por exemplo, uma mãe olha para o filho, percebe que ele está doente, mas não enxerga a causa do padecimento dele. Ela leva o filho a médico , e ele de posse de um instrumento teórico confiável ( objeto construído) , diz o que a criança tem e o que necessita ser feito.
Os fenômenos não se apresentam na sua totalidade, para a simples percepção. Faz-se necessário o domínio de um prisma através do qual se possa compreendê-los. Esse prisma é a teoria científica.
Aos cientistas cabe, de posse dos objetos ideais e dos amplificadores perceptivos, diminuir as influências das percepções imediatas do objeto(objeto percebido) para elaborar teorias mais confiáveis e consistentes acerca do real (objeto construído), visando um relacionamento mais adequado com o objeto real.

BIBLIOGRAFIA

GUEDES, Enildo Marinho. Curso de Metodologia Científica. HD Livros